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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

TEXTO 5 – OS ESSENCIAIS DA MISSÃO

OS ESSENCIAIS DA MISSÃO

Por Ronaldo Lidório

(Disponível em: http://www.ronaldo.lidorio.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=120&Itemid=26)

    

O pacto de Lausanne oficializado em 1974 por líderes de 150 países sintetizou a missão da Igreja dizendo que o propósito de Deus é oferecer o Evangelho todo, por meio de toda a Igreja, a toda criatura, em todo o mundo.


 

Deixa, assim, bem claro que a missão de Deus é o mundo. O método de Deus é a Igreja. O tempo de Deus é hoje.

Paulo escreve a carta aos Romanos estando em Corinto possivelmente no ano 57. Ele estava de partida para Jerusalém levando a oferta para os crentes pobres e aproveita a saída de Febe, uma senhora de Cencréia nos derredores de Corinto que viajava para Roma, para escrever uma carta a esta nova e respeitada igreja.

Havia na igreja de Roma judeus e gentios, sendo os gentios predominantes. Uma igreja com a fé em Cristo alicerçada e liderança reconhecida. Paulo estava no fim de sua terceira viagem missionária e planeja seu próximo passo. Ele escreve para a igreja antes mesmo de visitá-la. Uma comunidade de crentes no centro do Império em uma cidade com cerca de 1 milhão de pessoas.

Ele era um missionário bem como um teólogo. Como teólogo ele expõe para a Igreja em Roma os fundamentos da fé cristã e fortalece a igreja. Como missionário ele diz que pretende visitá-los de passagem para a Espanha, onde pretendia testemunhar de Cristo. Como teólogo ele diz que a glória de Deus é a finalidade maior da existência da Igreja. Como missionário ele enfatiza que a prioridade diária da igreja é anunciar a Cristo onde ainda não fora anunciado.

Agostinho, Lutero e John Wesley vieram ao Senhor Jesus através dos textos desta carta aos Romanos. Lutero afirma que jamais um texto mudou tanto a vida de homens e mulheres como esta carta. João Crisóstomo pedia que lhe fosse lida esta carta uma vez por semana. Calvino dizia que esta carta era uma introdução à Bíblia. Melancton a transcreveu, duas vezes, à mão, para conhecê-la melhor.

Introdução – Chamado para ser apóstolo

Leiamos todo o capítulo 1 desta carta de Paulo aos Romanos.

No capítulo 1, verso 1, Paulo se apresenta e o faz a partir de suas convicções mais profundas.

Ele aqui é "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus".

Ele afirma ser "servo" – doulos – escravo comprado pelo sangue do Cordeiro, liberto das cadeias do pecado e da morte e, apesar de livre, cativo pelo Senhor que o libertou.

Ele afirma ser chamado para ser "apóstolo" demonstrando que alguns servos podem ser chamados ao apostolado, porém não há apóstolos que não sejam primeiramente servos.

Ele é "chamado" por Deus. Em Efésios 4 ele entende que o Senhor Jesus chama, dentre todos na Igreja, "alguns" para serem apóstolos, profetas, pastores, evangelistas e mestres.

Quem nós somos, nosso chamado em Cristo, é mais determinante para nosso ministério do que para onde iremos. Não há na Palavra um chamado geográfico (para a China, Índia...), ou mesmo étnico  (para os Indígenas, Africanos...). O chamado bíblico é funcional, quem somos em Cristo Jesus, e não para onde iremos.

Na exposição de Paulo alguns foram chamados para serem  apóstolos, ou "a pedrinha lançada bem longe", na expressão de John Knox. São aqueles que vão aonde a igreja ainda não chegou. Há os  profetas, que falam da parte de Deus e comunicam Sua verdade. Há os chamados para serem pastores, que amam e cuidam do rebanho de Cristo. Estes são aqueles que amam estar com o povo de Deus e se realizam ministerialmente cuidando deste povo. Há os evangelistas, que são aqui os "modeladores" do evangelho, ou seja, os discipuladores. São os irmãos que fazem um trabalho nos bastidores, de discipulado, extremamente relevante para o Reino, o crescimento e amadurecimento da Igreja. Por fim os mestres, que ensinam a Palavra de forma clara e transformadora. São aqueles que lêem a Palavra e a expõe, e o fazem de forma tão clara que marca vidas e corações.

 Na dinâmica do chamado há certamente uma direção geográfica. Se alguém possui convicção de que Deus o quer na Índia isto significa que há uma direção geográfica de Deus, não um chamado ministerial. Mas notem: a direção geográfica muda, e mudou diversas vezes na vida de Paulo. O chamado, porém, permanece.

Paulo foi chamado para os gentios, como por vezes expressa. Era uma força de expressão para seu perfil missionário pois, com exceção dos judeus, todo o mundo era gentílico. Assim ele expressa em Romanos 15:20 a prioridade geográfica do ministério da Igreja:  "onde Cristo ainda não foi anunciado". Na época, prioritariamente entre os gentios.  Hoje, porém, pode ser perto e pode ser longe. Uma pessoa, de qualquer língua, raça, povo ou nação, que ainda não tenha ouvido as maravilhas do Evangelho, é a prioridade de Deus para a obra missionária.

Vivemos dias difíceis em que as convicções bíblicas mais profundas são questionadas dentro e fora da Igreja. É necessário alicerçarmos nossas convicções bíblicas missionais.


 

1. A mensagem missional: o evangelho é o poder de Deus

 
 

Leiamos juntos o verso 16:  "Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego".  

Temos freqüentemente uma má compreensão bíblica sobre o evangelho. No meio missionário ouvimos que o "evangelho está se expandindo", que o "evangelho está crescendo", que o "evangelho está sofrendo oposição" pois compreendemos evangelho como Igreja, ou como movimento missionário. Paulo sempre alterna suas ênfase evangelizadora, ora dizendo que prega o evangelho, ora dizendo que prega a Cristo.

Não estamos com isto afirmando que Jesus é o conteúdo do Evangelho, mas que Jesus é o próprio Evangelho. A expressão grega euaggelion – Boas Novas – refere-se ao cumprimento da Promessa – epaggelia. Jesus é, portanto, tanto a epaggelia quanto o euaggelion – tanto a promessa quanto seu cumprimento. É uma expressão validadora que a Promessa profetizada em todo o Novo Testamento está entre nós.

A Promessa chegou, e está entre nós. Ela se chama Jesus.

Jesus, portanto, é o Evangelho. Usando cores fortes no verso 16 Paulo afirma que "não me envergonho do evangelho", ao que ele quer dizer: "eu não me envergonho de Jesus". Quando ele afirma que o evangelho "é o poder de Deus" ela deseja comunicar que "Jesus é o poder de Deus". Quando ele categoricamente destaca que o evangelho é poderoso para "salvar a todo aquele que crê" refere-se a Cristo: Jesus é poderoso para salvar a todo aquele que crê.

Assim, se nos envergonharmos do evangelho, estamos nos envergonhando de Jesus. Se deixarmos de pregar o evangelho, deixamos de pregar a Jesus. Se não cremos no evangelho, não cremos em Jesus. Se passamos a questionar o evangelho, seus efeitos perante as culturas indígenas, africanas e asiáticas, sua relevância, nós não estamos questionando uma doutrina, um movimento ou a Igreja. Nós estamos questionando a Jesus.

O que Paulo expressa neste primeiro capítulo é que, apesar do pecado, do diabo, da carne e do mundo, não estamos perdidos no universo: há um plano de redenção. Ele se chama Jesus. O poder de Deus se convergiu em Jesus. Ele nos amou com amor infinito. Ele está entre nós.

E ele diz de forma claríssima: "Não me envergonho". A expressão aqui usada para vergonha apontava para uma posição de desconforto, quando alguém é destacado e criticado por muitos, ridicularizado.

Entendamos o contexto. O mundo da época era imperialista humanista e triunfalista. Interessante como as filosofias sociais não mudaram tanto em 2.000 anos.  O evangelho, porém, contendia com todas estas idéias e, assim, colocava Paulo em situação altamente desconfortável ao apresentar Jesus como a verdade de Deus para salvação de todo homem.

 Em um mundo imperialista Roma era o centro do universo e César o único capaz de organizar a sociedade de forma justa. Qualquer outra solução social que não passasse por Roma seria vista  politicamente como uma afronta. Paulo, ao falar  do evangelho de Deus como único capaz de solucionar os conflitos humanos seria combatido politicamente, colocando-o em clara situação de desconforto. A pregação do evangelho, assim, afrontava os pilares sociais e políticos.

Em um mundo humanista, sob influência grega, o homem habitava o centro do universo e qualquer ideologia ou filosofia só faria sentido se glorificasse o próprio homem. Ao falar sobre o evangelho de Deus, e não o evangelho do homem, Paulo certamente seria visto como um simplista cheio de religiosidade, alguém com uma mente menor. A pregação do evangelho, desta forma, afrontava também a filosofia da época.

Em um mundo triunfalista o universo era definido entre os conquistadores e os conquistados. Vencer batalhas e conquistar novas terras era o equivalente ao progresso. Ao falar sobre o evangelho de Deus como o único elemento capaz de vencer, glorificando o próprio Deus e não os homens, Paulo é visto como um derrotado. Desta forma a pregação do evangelho afrontava também a maneira do homem enxergar a vida.

Portanto, há 2.000 anos, falar do evangelho de Deus – falar de Jesus - poderia causar problemas políticos, gerar desprezo intelectual ao pregador e dar-lhe uma identidade de derrotado. Nada tão diferente de nossos dias.

Perante isto o Apóstolo Paulo brada: "eu não me envergonho....". O evangelho é o poder de Deus. O evangelho é Jesus.

Gostaria de destacar algumas implicações desta nossa convicção missional, de que o evangelho é o poder de Deus.

Em primeiro lugar o evangelho jamais será derrotado pois o evangelho é Cristo. Sofrerá oposição, seus pregadores serão perseguidos. Será caluniado, mas jamais derrotado.

Em segundo lugar o evangelho não é o plano da Igreja para a salvação do mundo mas o plano de Deus para a salvação da Igreja. O que valida a Igreja é o evangelho, não o contrário. Se a Igreja deixa de seguir o evangelho, de seguir a Cristo, se a Igreja passa a absorver o imperialismo, humanismo, triunfalismo, e esquecer-se de Jesus, deixa de ser Igreja. A Igreja só é igreja se for evangélica – se seguir o evangelho.

Em terceiro lugar o evangelho não deve ser apenas compreendido e vivido. Ele se manifestou entre nós para ser pregado pelo povo de Deus. Paulo usa esta expressão diversas e diversas vezes. Aos Romanos ele diz que se esforça para pregar o evangelho (Rm 15.20). Aos Coríntios ele diz que não foi chamado para batizar mas para pregar o evangelho (1 Co 1.17). Diz também que pregar o evangelho é sua obrigação (1 Co 9.16).

Não importa mais o que façamos em nossas iniciativas missionárias, é preciso pregar o evangelho. A pregação abundante do ev

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