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terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Papel da Igreja em Missões

lModificação do artigo publicado no Jornal Batista de São Paulo, 26/02/90

  Barbara Helen Burns

(Disponível em http://www.preparomissionario.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=48:o-papel-da-igreja-em-misso&catid=34:artigos&Itemid=63 , em 25 de setembro de 2010)

             "É uma junta ou agência que tem o papel de enviar missionários! A igreja não sabe nada sobre isto."  "Não, é apenas a igreja local, sem nenhuma interferência de uma agência!" Esta discussão está acontecendo freqüentemente  nestes dias de mega-igrejas, individualismo e entusiasmo. Historicamente agências têm assumido todo o trabalho de enviar missionários, fazendo com que as igrejas se desligassem de qualquer responsabilidade, perdendo a oportunidade de obediência e benção.  Do outro lado, recentemente há igrejas dizendo que sozinhas vão mandar missionários, sem nenhum auxílio de uma junta ou agência especializada.

Como podemos entender a vontade de Deus no meio desta confusão? Há bons modelos de igrejas que seguem de forma equilibrada o envio de missionários, sem delegar missões às Juntas de Missões Mundiais, Nacionais, ou Estaduais, dando apenas uma oferta por ano.  Há modelos de parceria, onde a igreja assume sua responsabilidade com a ajuda das pessoas com experiência na área. Há agências que sabem que o missionário tem que ter uma base sólida na igreja — igrejas que investiram nos seus candidatos e os prepararam e escolheram para serem fiéis servos do Senhor dentro da igreja e fora, até no meio de outra cultura.

Tive o privilégio de ser criada numa igreja onde missões era central em todos os seus propósitos.  Os membros nunca se sentiam mais felizes do que quando enviando um dos seus membros para um campo distante, ou contribuindo para que o nome do Senhor Jesus fosse proclamado perto ou ao redor do mundo.  Era uma igreja que conhecia profundamente a base bíblica e a estratégia e importância de missões, mas trabalhava em parceria com agências missionárias. A agência principal que a igreja utilizava também compreendia o papel fundamental da igreja, fazendo com que os únicos candidatos aceitos eram pessoas aprovadas, enviadas e sustentadas por suas igrejas locais.

            O primeiro modelo de uma igreja enviadora se acha em Atos 13.1-4.  O Espírito Santo enviou, por intermédio da igreja local, os dois homens mais preparados e queridos no seu meio — os seus líderes.   Jesus mesmo disse que a razão da existência dos Seus discípulos (os membros e líderes das igrejas) era pregar o Evangelho a toda criatura — de Jerusalém até aos confins da terra!  Jesus tinha preparado Seus discípulos por três anos com esta finalidade, e no fim deu a ordem prioritária para eles, e para todos que vinham depois deles. 

Missões é a responsabilidade de todos os discípulos de Jesus Cristo, e a razão central da existência das igrejas. Isto é claro em todo ensinamento da Bíblia, desde Gênesis até Apocalipse. O povo de Deus é canal do conhecimento e acesso a Deus. Além de todo o peso do ensinamento bíblico sobre a missão do Seu povo, Deus deixa claríssimo em Êxodo 19:5-6 que a escolha do povo de Israel tinha motivo sacerdotal entre Ele e todos que Ele tinha criado. Toda nação de Israel tinha que compreender que a lei que Moisés ia logo receber tinha razão de ser, não era simples legalismo. Eles tinham que ser santos para poder manifestar ao mundo a santidade do Deus criador e Senhor das suas vidas. O mesmo texto é repetido em 1 Pedro 2:9, desta vez para as igrejas — o povo de Deus no Novo Testamento. Deixa claro o papel apostólico contínuo para poder alcançar este mundo que Deus tanto ama.

            As juntas e agências de missões foram estabelecidas para ajudar as igrejas cumprir  esta vontade de Deus em fazer missões.  Cada igreja individual não tem possibilidade de preparar, coordenar, administrar e acompanhar missionários milhares de kilômetros de distância. Pessoas nas igrejas não têm conhecimento cultural, burocrática ou política para poder auxiliar os seus missionários de forma adequada.

No entanto há coisas que as juntas não podem fazer que são a responsabilidade das igrejas.  A seguinte lista fornece uns exemplos das responsabilidades  que cabem as igrejas  na execução prática de missões.

1.  A responsabilidade do preparo.   O contato a longo prazo, o ensino da Palavra, a vida em comunidade, e o crescimento mútuo de Cristãos que se amam e ajudam uns aos outros viver dignamente do Senhor é a melhor escola missionária.  O missionário vai levar junto com ele para os campos  as atitudes e o modelo que fez parte da sua formação cristã, repetindo e imitando aquilo que experimentou e viveu (muito mais do que ele aprendeu numa escola formal, apesar que precisa da escola formal também, para completar o conhecimento necessário teológico e missiológico).  Como é importante este modelo ser de uma igreja que serve fielmente o Senhor no seu próprio trabalho evangelístico e discipulado na vida cristã!  Como é importante que o missionário tenha experiência profunda numa igreja que segue diretrizes bíblicas no seu modo de ser e no seu modo de servir e louvar o Senhor!

            A prática do ministério faz parte do preparo, como aconteceu com Saulo e Barnabé antes da sua primeira viagem missionário. Uma experiência prática de ministério profundo e abrangente, como eles tiveram em Antioquia só pode se obter numa igreja local.  Deverá existir oportunidades de exercer um ministério dentro da comunidade de Deus.  Os colegas e líderes de uma igreja conhece os dons, os problemas, e as áreas de necessidade dos seus membros, dando base para aconselhamento, direcionamento, e crescimento quanto vocação ministerial.

2.  A responsabilidade da escolha.  Assim são as igrejas que podem reconhecer aqueles que são verdadeiramente aprovados nas suas práticas e sua vida cristã.  Conhecem profundamente o candidato, e devem com toda honestidade recomendar ou não as pessoas para missões.  Faz parte desta responsabilidade o conhecimento das qualificações necessárias para um obreiro em missões. É preciso enviar as pessoas certas, que darão fruto em situações às vezes difíceis de comunicar e viver. Às vezes é necessário  dizer para algumas pessoas que devem esperar mais, devem se preparar melhor, ou devem ajustar  as suas vidas em áreas de necessidade. Faz parte também discernir que algumas pessoas não são chamadas ou qualificadas para missões transculturais.

3.  A responsabilidade do envio.  Em Atos 13 o Espírito Santo não falou apenas com Saulo e Barnabé; falou com a igreja.  Foram membros da igreja que colocaram suas mãos sobre os dois, assim declarando sua solidariedade e identificação com eles.  Eram embaixadores daquela igreja, conforme a direção do Espírito Santo. 

As igrejas hoje devem estar alertas para saber a vontade de Deus sobre seus membros.  Que privilégio Deus dá a igreja em usá-la para enviar seus melhores membros a serem pioneiros em campos sem a Palavra e o conhecimento de Deus.

No envio a igreja precisa de ajuda burocrática e estratégica. Nisto a agência é uma grande benção. A igreja deve cuidadosamente procurar e indicar para parceria agências dignas, com boa reputação e experiência.

4.  A responsabilidade do apoio.  Depois de longos anos de serviço frutífero, Paulo ainda reconhece a absoluta necessidade de apoio em oração.  Em Efésios 6:18-20 ele diz para a igreja:

 
 

               Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palvra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.

Paulo sabia que sem a oração, nem ele teria sucesso em missões!

            A responsabilidade não termina com oração; apoio financeiro também é um importante ingrediente para missões.  Paulo menciona este fato várias vezes, especialmente em Filipenses 4:10-20,  onde ele agradece a oferta sacrificial dos irmãos pobres da Macedônia.  A oferta foi uma benção para ele, porque supriu necessidades e demonstrou o amor e a solidariedade da igreja com ele.  Acima de tudo foi uma benção para a própria igreja, porque a oferta foi como uma dádiva a Deus, colocada na conta celestial da igreja.

            Assim temos o desafio e as responsabilidades missionárias das igrejas.  Mas como fazer?  Quais alguns passos práticos?

1.  Mensagens e ensino missionário.  É difícil estudar a Bíblia sem estudar missões.  Se enfatizamos missões à medida que a Bíblia o faz, a igreja estará crescendo no seu conhecimento de como e porque fazer missões.

2.  Testemunhos dos missionários.  Devemos convidar missionários a pregarem e ensinarem nas igrejas, encorajando os membros a convidá-los a se hospedarem nas suas casas.  Devemos ser membros de igrejas que se alegram com a presença e o trabalho dos missionários.

3.  Oração semanal em favor de missões e os missionários.  Cada culto deve incluir um momento da igreja levar as necessidades dos missionários a Deus em oração.  Podem ser lidas cartas, artigos em jornais, informações missionárias, que ajudarão os membros se envolverem pessoalmente na vida dos missionários e nas necessidades ao redor do mundo.

4.  Conferências missionárias.  Missões podem ser enfatizadas de uma forma especial uma ou duas vezes por ano.  Pessoas de todos os departamentos da igreja podem participar e tomar responsabilidade de dirigir e compartilhar durante as conferências. Os membros das igrejas, inclusive as crianças, devem chegar à conclusão que Eles podem ajudar na missão de Deus, não é de "especialistas" ou grandes oradores.

5.  Conselhos missionários.  Se a igreja for grande, um grupo pode se formar para informar e ajudar a igreja no conhecimento e prática de missões.  O conselho não deve se tornar mais uma "junta,", mas sim, levar a igreja toda tomar decisões e se envolver no preparo, na escolha, e no apoio de missionários.

6.  Ser modelo de missões.  Uma igreja ativa na evangelização e discipulado não apenas oferece oportunidades de prática de ministério, como se torna o modelo ideal que o missionário vai repetir em outros lugares.  Cada igreja deve procurar expandir ao seu redor, formando pontos de pregação e congregações. Assim a igreja providencia oportunidades de treinamento e envolvimento pessoal no ministério da igreja enquanto está cumprindo fielmente o propósito pelo qual foi criada.


 

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