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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AMAL – TEXTO 2GRAÇA E MISSÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

AMAL – TEXTO 2

GRAÇA E MISSÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Maisel e Márcia Rocha (orgs.)


 

A Missão nos patriarcas (Gn 23-50)

A Missão em Noé (Gn 6-10)

A segunda crise do mundo veio com a subversão da instituição do estado, levando um populacho desregrado a praticar a iniqüidade. No meio da bênção divina – 'Como se foram multiplicando os homens na terra...' (Gn. 6.1) – surgiu o acúmulo da maldade. Deus, exasperado, deu por perdida a humanidade. Seu Espírito não continuaria a Se esforçar com os homens (Gn. 6.3), os corações dos homens e das mulheres estavam continuamente cheios de maldade. Mais uma vez há de surgir o tema da expulsão, mas numa maneira muito mais trágica e definitiva: Deus estava para fazer desaparecer o homem da face da terra (v.7). Porém 'Noé achou graça diante do SENHOR' (Gn 6.8), porque era 'homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos' (v.9). Assim sendo, o segundo maior tempo de necessidade da terra, conforme este texto, haveria de receber o alívio, como aconteceu em Gênesis 3.15, com a operação da salvação da parte de Deus.11

Mesmo na ira julgadora de Deus, a sua preocupação redentora é evidente. Em Noé haverá um novo mundo, uma nova humanidade e uma nova população de seres viventes. O registro de Gênesis informa que Noé seguiu todas as instruções de Deus quanto à construção da arca. O Novo Testamento, por sua vez, descreve a obediência de Noé como sendo o exercício da sua fé (Hb 11.7). Noé respondeu suficientemente a Deus para ser achado justo diante dele, mas, mesmo assim, não demonstrou caráter perfeito (9.20,21)! Antes de qualquer registro de fé e obediência da parte de Noé, o relato de Gênesis diz que ele "achou graça diante do Senhor" (6.*). Deus agiu soberanamente na sua seleção misteriosa de Noé para a salvação e o serviço. A eleição soberana e incondicional deve causar em nós, por si mesma, muita humildade para a tarefa do evangelismo mundial.12

A grande ruína da primeira desobediência humana, a distorção tirânica do poder político, e as orgulhosas aspirações à unidade numa base humanística levaram aos juízos da Queda, do Dilúvio e da dispersão da raça humana. Os fatores teológicos achados em cada crise que perpetuaram o juízo divino foram os pensamentos, imaginações e planos de um coração maligno (Gn 3.5,6; 6.5; 8.21; 9.22; 11.4). A palavra salvadora de Deus, no entanto, era suficiente para cobrir toda falha. Juntamente com os temas de pecado/julgamento, veio uma palavra nova, com respeito a um descendente (3.15), uma raça entre a qual Deus habitaria (9.27), e a bênção das boas novas oferecidas a cada nação sobre a face da terra (12.3).13

A Missão em Abraão – 'A descendência e o Descendente' – Gn 12-(22)

A aliança abraâmica é citada pela primeira vez em Gênesis 12.1-3. Sem dúvida, Abraão ocupou um lugar de destaque no auge da revelação. Nem por isso, porém, devemos menosprezar os momentos que levaram a isto como tendo pouca ou até nenhuma significância. O texto avança da extensão de toda a criação para o bairrismo e as limitações que resultaram dos pecados sucessivos da humanidade. Mas também avança da tríplice tragédia do homem como resultado da Queda, do Dilúvio e da fundação de Babel, para a universalidade da nova provisão da salvação da parte de Deus para todos os homens, através da descendência de Abraão.14

Para cada um destes três fracassos o Senhor pronunciou uma palavra salvadora de graça: Gn 3.15; 9.27 e 12.3, e é esta terceira palavra de graça que nos interessa aqui, pois enfatiza a palavra divina de graça em contraste com os fracassos dos homens e sua busca idolátrica de um 'nome' ou 'fama'. Cinco vezes Deus fala em bênção: 'te abençoarei', 'te abençoarei', 'te abençoarei', 'abençoarei os que te abençoarem', e 'em ti serão benditas todas as famílias da terra'. O significado mais maravilhoso de todos estes textos missionários não pode ser inteiramente apreciado até que comecemos a perceber que na verdade existem três promessas de bênção em Gênesis 12.2 e 3, onde Deus promete:

  1. 'De ti farei uma grande nação',
  2. 'E te abençoarei', e
  3. 'Te engrandecerei o nome'.

Mas estas promessas são imediatamente seguidas de uma conjunção subordinativa final: 'para que tu sejas uma bênção'. Nenhuma destas três promessas de bênção seria para o engrandecimento pessoal de Abraão. Na verdade, ele e sua nação seriam abençoados para que pudessem ser uma bênção. Mas bênção para quem? Como? Para encontrarmos respostas a estas perguntas devemos analisar mais duas promessas.

Passariam a existir duas classes distintas de pessoas: as que abençoariam a Abraão e as que o amaldiçoariam. As duas promessas adicionais foram:

  1. 'Abençoarei os que te abençoarem', e
  2. 'Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem'.

Isto aconteceria 'para que em ti sejam benditas todas as famílias da terra'. Isso, então, explica por que deveria haver tantas bênçãos. Estes homens e seus descendentes deveriam ser, desde o início, missionários e canais da verdade. É uma questão de graça, e não de obras; a 'semente' da mulher (Gn 3.15), a 'semente' de Sem, em cujas tendas Deus viria a 'tabernacular' ou 'habitar' (Gn 9.27) e a 'semente' de Abraão formaram um todo coletivo. Esse todo foi resumido através de sua sucessão de representantes, os quais foram como sinal e penhor até que Cristo mesmo viesse naquela mesma linhagem e como parte daquela sucessão e entidade corporativa.

Se hoje temos fé, então somos parte da 'semente' de Abraão (Gl 3.29). O objeto da fé e confiança ainda é o mesmo; o ponto focal para Israel e as nações da terra é que o Homem da Promessa, que devia vir na 'semente' de Abraão e de Davi, veio em Jesus Cristo. A mensagem e seu conteúdo, que é, de fato, o propósito total de Deus, era que Ele constituiria uma nação, dar-lhe-ia um 'nome', abençoá-la-ia para que pudesse ser luz para as nações e, portanto, uma bênção a todas as nações. Da parte de Israel, recuar seria um erro. Israel seria missionária de Deus ao mundo – e nós também o somos em virtude destes mesmos versículos! A missão não mudou em nossos dias. Deus não tinha o propósito de que Abraão e Israel fossem transmissores da 'semente' mais passivos do que nós devamos ser. Deveriam ser uma bênção para que pudessem realmente comunicar o dom de Deus ao mundo15.

A Missão nos Patriarcas:

Esta era foi tão significativa na qual Deus Se anunciava como "Deus dos patriarcas" (i.e., "pais"), ou 'Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó'. Além disto, os patriarcas eram considerados 'profetas' (Gn 20.7; Sl. 105.15). Aparentemente era porque pessoalmente recebiam a palavra de Deus. Freqüentemente, a palavra do Senhor 'veio' a eles de modo direto (Gn 12.1; 13.14; 21.12; 22.1) ou o Senhor 'apareceu' a eles numa visão (12.7; 15.1; 17.1; 18.1) ou na personagem do Anjo do Senhor (22.11,15)16.

Em Gênesis 12.1-3 Deus revelou o alcance geral de suas promessas a Abraão. Jacó, neto de Abraão, foi um trapaceiro, e, mediante um ardil, tirou a herança do irmão (Gn 25,29-34; 27.1-46); contudo, ele continuava sendo o filho do pacto abraâmico.

Quando Jacó se fortaleceu espiritualmente, Deus lhe deu uma revelação maior de suas promessas e de seus propósitos. Quando Jacó buscou a Deus em Betel, pela segunda vez confirmou-se o seu chamado mediante a mudança do seu nome. Desta forma, Deus voltou a confirmar a Jacó o pacto abraâmico veja Gn 35.9-15. Como da vez anterior, o Senhor prometeu a Israel que lhe daria a terra de Canaã, a ele e a seus descendentes (v.12). Mas Deus também proclamava seu propósito de fazer da linhagem de Abraão, Isaque e Jacó a linhagem mediante a qual abençoaria 'todas as famílias da terra'.17 (Gn 12.3).

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